Terminou a era Bernardinho como treinador da seleção brasileira masculina de vôlei. Nesta quarta-feira (11), a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) informou que o técnico deixa o cargo que ocupou por mais de 15 anos, desde 2001. Renan Dal Zotto, ex-jogador, foi anunciado no cargo.
À frente do time masculino, Bernardinho foi bicampeão olímpico (Atenas-2004 e Rio-2016) e octacampeão da Liga Mundial, torneios em que o Brasil tornou-se o maior vencedor.
Em Copas do Mundo, realizada a cada quatro anos, Bernardinho disputou quatro edições com a seleção masculina, conquistando dois ouros (2003 e 2007).
No Campeonato Mundial, também de quatro em quatro anos, foi ainda melhor. Em quatro participações, três ouros.
A possibilidade da saída de Bernardinho do cargo começou logo após o término da Rio-2016. O treinador teria dito à CBV que poderia sair para dedicar mais tempo à família.
Em outubro, ainda sem resposta sobre a permanência dele, a CBV disse que não tinha plano B, caso Bernardinho saísse, e o diretor-executivo da entidade, Ricardo Trade, confirmou o desejo de que ele permanecesse, o que não ocorreu.
Antes de se tornar o técnico mais vitorioso do esporte brasileiro, Bernardinho atuou como jogador desde os 13.
Levantador, vestiu a camisa da seleção de 1979 a 1986, sendo tri-campeão sul-americano, campeão pan-americano, vice-campeão mundial e da Olimpíada de Los Angeles-1984.
Depois de fazer parte da geração de prata, que alçou o vôlei nacional a um patamar mais elevado, iniciou a carreira de técnico.
Na Olimpíada de Seul-1998, foi assistente do treinador Bebeto de Freitas na seleção masculina.
Teve experiências na Itália e, em 1994, assumiu a seleção feminina.
Comandou as mulheres até 2000 e com elas ganhou dois bronzes (Atlanta-1996 e Sidney-2000), além de três Grand Prix (1994 / 96 e 98).
Em 2001, assumiu a seleção masculina. Além dos homens, Bernardinho também se dedicou ao vôlei feminino, em clubes, ganhando 11 Superliga.
Além das caras e bocas e do nervosismo à beira da quadra, nos 16 anos à frente da seleção masculina Bernardinho também colecionou polêmicas.
Em 2007, cortou o levantador Ricardinho do time que jogou o Pan do Rio. O então melhor do mundo na posição disse que se sentia traído pelo corte, sobre o qual não havia sido avisado. Sem explicar muito bem o motivo de sua decisão, Bernardinho convocou seu filho Bruninho para a reserva de Marcelinho. Em sua biografia, Giba conta que o problema teria decorrido de atos de indisciplina do jogador.
Em 2010, na Liga Mundial, o Brasil já classificado teria cruzamento mais fáceis caso perdesse para a Bulgária e ficasse em segundo do grupo, o que aconteceu. À época, Bernardinho admitiu que poupou atletas e que jogou com o regulamento debaixo do braço, mas nunca que entregou o jogo. O fato porém repercutiu negativamente, ainda mais porque Giba, um dos principais jogadores da época, afirmou que o jogo seria "a mancha em sua carreira".
Em 2014, Bernardinho anunciou que havia retirado um câncer maligno no rim. Ele usou a doença para fazer uma metáfora sobre o escândalo de corrupção envolvendo a CBV, acusada de desviar verbas de patrocínio. Bernardinho foi apontado como o responsável pelas denúncias à entidade, mas negou o fato e disse que, na verdade, se sentia triste e traído.
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